Multinacional vai com sede ao pote e aumenta tarifas em até 6.000%


O prefeito de Nova Friburgo, Paulo Azevedo, deve estar vivendo um verdadeiro inferno astral depois que a população do município resolveu se rebelar contra o aumento de até 6.000% nas contas de água, um mês depois que os serviços foram transferidos à concessionária privada Caenf, formada pela multinacional americana Tyco e pela Multiservice. Um protesto de mais de três horas, no dia 20 de agosto, levou cerca de 10 mil pessoas às ruas do centro da cidade no Ato Público "Acorda Friburgo", obrigando o prefeito a rever sua posição e reduzir o reajuste absurdo para um aumento de 30% - menor, mas não menos absurdo.

O protesto demonstrou o repúdio da população à política tarifária imposta pela Caenf e contou com a presença de entidades de classe, estudantes, associações de moradores, políticos, representantes sindicais e população em geral. O ponto alto da manifestação foi quando a multidão invadiu a Praça Demerval Barbosa Moreira e, de lá, marchou até a sede da prefeitura cantando o hino nacional por todo o trajeto da Avenida Alberto Braune, a principal de Friburgo. Um "Judas" do prefeito Paulo Azevedo foi malhado e incinerado sobre um caixão. A repulsa foi estendida ao bloco de 15 vereadores que apoia o governo na Câmara. Com palavras de ordem pedindo a renúncia do prefeito e o fim da concessão dos serviços de saneamento à Caenf, a multidão "deu de cara" com a sede municipal fechada e vigiada por um cordão de mais de 30 homens da Guarda Municipal.

Durante a manifestação, os deputados Carlos Santana (PT), Nilton Salomão (PSB) e Paulo Ramos (PDT) defenderam a retomada da Autarquia Municipal de Águas e Esgotos (Amae), apoiados pelo ex-superintendente da Autarquia, Hélio Gonçalves Corrêa (PFL); a médica ex-candidata à prefeitura Saudade Braga (PSB) e o agente de Desenvolvimento Regional do governo do Estado, Renato Abi Râmia (PDT). Choveram denúncias sobre o favorecimento da Caenf, durante a licitação para a concessão dos serviços de saneamento. A principal delas foi a de que um dos atuais diretores administrativos da empresa privada, Paulo Fernando Pinho, era, no ano passado, um dos diretores da empresa de Consultoria Tempo, contratada pela prefeitura para realizar um cadastramento da população com vistas à privatização da Amae.


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