Números comprovam fracasso de FHC



A falácia do projeto de privatização do governo está expressa nos números do próprio Programa. A privatização das estatais realizada na década de 90 rendeu aos cofres do governo US$ 56,2 bilhões, com a venda de um patrimônio "avaliado", pelo próprio governo, em US$ 38,3 bilhões. Ou seja, o ganho com a desestatização foi de US$ 17,9 bilhões, ao passo que os benefícios concedidos pelo governo federal às empresas compradoras de estatais privatizadas somaram US$ 45 bilhões (moedas podres, financiamentos subsidiados e abatimento de impostos por conta do pagamento de ágio ou de dívidas acumuladas pelas empresas).

Este valor, portanto, é maior do que o patrimônio vendido e mais que o dobro do ganho obtido com as desestatizações. Desse total, US$ 20,3 bilhões foram emprestados aos compradores de estatais pelo BNDES, com retorno previsto para 10 anos, a taxas de cerca de 15% ao ano. É bom frisar que não existe nos bancos privados financiamentos a prazos tão longos e as taxas superam 35% ao ano. Os outros benefícios (moedas podres) representam US$ 24,7 bilhões.

Em outras palavras, o governo pagou para vender as estatais ao setor privado com dinheiro público, e não reduziu um centavo sequer da dívida do país com esse dinheiro. Operação semelhante vem tentando fazer, agora, com a Petrobrás, vendendo 31,7% das ações ordinárias da companhia em poder da União por R$ 8 bilhões, sob a mesma alegação. Ocorre que, com um déficit de R$ 540 bilhões, somente o serviço dessa dívida (juros mais amortizações) consome, por ano, R$ 120 bilhões. Ao abrir mão dos 31,7% de ações da estatal de petróleo, o governo está abrindo mão de recursos crescentes, hoje estimados em R$ 1,8 bilhão/ano, tendo em vista a previsão de lucro da companhia, de cerca de R$ 10 bilhões em 2000. Além do prejuízo para o país e para a empresa, a venda das ações não vai influenciar em praticamente nada na redução dos juros da dívida, uma vez que os R$ 8 bilhões pretendidos pelo governo representam apenas 1,48% do total da dívida. A dívida interna do país já chegou a representar "zero" por cento do PIB. FHC conseguiu elevar esse percentual a mais de 50% em cinco anos.


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